segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A Neve

Lentamente, a neve cai. Branca e fria. Ao caminhar na rua, apenas se ouve o barulho das botas a pisar a neve. Solto um bafo, criado pelo frio do dia. Essa neve, cai sobre o meu cabelo e o meu casaco, deixando tudo por onde passa branco, como ela. A névoa que se cria, neste ambiente gélido, não me deixa ver nada ao meu redor. Ao caminhar sobre a neve, deixamos pegadas, mas misteriosamente elas desaparecem, levando com elas todo o percurso feito anteriormente. À medida que vou avançando, tudo o que está para trás das minhas costas desaparece; como que se o passado desaparecesse também. Todas as acções que pratiquei antes de fazer este caminho "desapareceram", foram com a neve. Todas as palavras ditas, foram em vão. Os dias de neve são algo estranho: tudo o que façamos, por muito que seja bem feito, desaparece sempre; vai com a neve. A neve é assim, cheia de memórias. Por isto é que as pessoas não gostam dela, leva-nos até momentos e recordações, que por vezes não gostamos relembrar. Mas também nos leva até datas e dias memoráveis e inesquecíveis - eu relembro de quando eu era pequenina a brincar com os meus pais, primos e irmão; lembro-me da outra casa, e brincar no terraço; lembro-me de correr com a minha cadela na neve; lembro-me de me deitar na neve; lembro-me de um dia a olhar de dentro de casa e de perguntar "Mãe o que é aquilo ?", "É a neve", "E de onde vem ?", "Vem do céu, de ao pé das nuvens", "Quero ir brincar lá para fora, está tudo a ficar branco !", "Não, faz mal e ainda te constipas", "Mas depois ela vai embora !", "Vai mas volta, terás muitas mais oportunidades para vê-la", "Está bem". Ou simplesmente essas pessoas não gostam do frio. Eu cá gosto da neve, de caminhar sobre ela, e ela cair sobre mim. Agora o resto, fica ao vosso critério. 

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