terça-feira, 9 de agosto de 2011

Chama-me quando precisares de mim. Grita aos quatro ventos quando sentires a minha falta. Sobe ao cimo de uma montanha e anuncia que me amas. Mas eu, eu não vou voltar, nem vou ouvir as palavras que da tua boca se vão soltar. Meus ouvidos vão estar surdos ao ruído exagerado produzido pelas tuas cordas vocais. Só vais desejar o meu regresso e engolir as tuas próprias lágrimas, salgadas e quentes. Procurar-me-ás em cada canto da cidade e cansado da busca irás desistir. Vais voltar atrás no tempo e olhar de novo todas as páginas viradas, de uma história prometida para sempre. Vais procurar o teu erro nas memórias, vais despejar toda a tristeza acumulada dentro de ti, toda a angústia de algo que sempre quiseste, mas que abandonaste. Eu vou olhar-te de longe e tu nem te vais aperceber, que eu estou ali mesmo depois de todas as voltas que deste para me encontrar. Mas não estou ali para o mesmo fim, para a mesma repetição da história. Não, eu estou ali para te provar que estava certa, para te ver passar um quarto de tudo o que eu passei. Para ver escorrer aquelas lágrimas pelo teu rosto, como só eu vi. Para te observar, até que me sintas presente. Mesmo não devendo, vou-te acalmar de novo. E finalmente, sentindo-me presente, vamos trocar as tais palavras. As palavras que tu pediste para eu te dirigir, as palavras resistentes. Vou olhar-te nos olhos e saber se estás a mentir, pois eu conheço-te melhor que ninguém. Vou ver o teu aspecto cansado e ouvir a tua voz rouca. Vou agarrar-te nas mãos e dizer-te o quanto erraste e o que eu sofri. Vais ouvir as palavras duras saírem da minha boca tal como saíram da tua, á uns tempos. Vais sentir que mesmo longe e desaparecida, sempre te acompanhei em tudo, caminhei do teu lado. Que apesar tudo, eu nunca me esqueci de ti. Vais perceber que nunca se troca o que queremos mais na vida, por algo que queremos mais no momento. Vais sentir o meu coração frio e vais querer aquecê-lo. Tu um dia vais entender o que te digo, um dia.